quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pé na estrada (On the road)

'On the road é a obra prima do autor Jack Kerouac, considerado o principal expoente da Geração Beat.'
Li esse tipo de comentário em diversos sites e blogs, é a definição mais comum a obra e ao autor. Podem me chamar de ignorante ou achar um absurdo, mas eu não sabia o que era a tal Geração Beat tão falada, eu poderia simplemente me sair com a frase "isso não é da minha época", rs, mas não, eu simplemente pouco tinha ouvido falar sobre e nunca me interessei em saber mais.
Mas isso não significa que eu não tenha interesse em ler obras por não saber do que falam, pelo contrário, muitas vezes isso me intriga mais ainda e desperta o interesse.
Foi o que aconteceu com On the road, mas antes de lê-lo eu fui pesquisar e descobri que a Geração Beat foi uma geração de pessoas, não necessariamente jovens, que tinham um espírito livre, que não se prendiam a ninguém e a lugar nenhum, que queriam viver a vida ao máximo, sem pensar no amanhã.
Posso estar falando besteira mas tenho pra mim que foram os precursores dos Hippies, que vieram depois e seguem uma filosofia de vida parecida.
A história é narrada por Sal Paradise, que vive em New Jersey e tem muitos amigos e através de um desses amigos ele conhece Dean Moriarty, um cara de espírito livre pelo qual Sal fica intrigado e cheio de vontade de conhecer melhor e se tornar amigo. Juntos eles partem por diversas viagens atravessando os EUA, indo e voltando, conhecendo lugares, pessoas e mais de si mesmos. Sal é o alter ego de Jack e Dean o de seu grande amigo Neal Cassidy, e a história é inspirada nas viagens que os dois fizeram juntos.
Eu ouvi dizer que Jack escreveu o livro em 2 semanas e que o rascunho foi escrito praticamente direto e reto, sem parágrafos e que ele datilografou em papel manteiga colado com fita adesiva pra que não precisasse trocar a folha! Só por aí vc já consegue imaginar como é alucinante a narração. Realmente quase não tem parágrafos e os capítulos são longos o que pra mim foi bem cansativo em alguns trechos.
A primeira vista eu diria é que os personagens são todos loucos, que não tem amor a nada e a ninguém e nem a própria vida e que o livro é todo uma grande confusão do começo ao fim.
Mas eu não sou pessoa de fazer julgamentos sem muita análise, sem me colocar no lugar ou tentar sair do meu lugar e entender a vida dos personagens ou mesmo o mundo e época em que o autor viveu e se baseou pra escrevê-la.
Assim eu posso dizer que o estilo de vida deles não tem nada a ver comigo, e assim é um pouco mais difícil e desconfortável quando você não consegue se identificar com os personagens, a leitura fica bem mais desafiante.
Eles são jovens que não precisam de nada pra viver, carregam poucas peças de roupa, pouco dinheiro, nenhuma comida, se o $ acaba eles arrumam um trabalho pra pagar a passagem de volta ou o lanche pra matar a fome ou furtam um pedaço de pão com queijo. Eles fumam muito, bebem demais, usam drogas, fazem muito sexo e bebem de novo e até cair. Atravessam o país vezes sem conta, aparentemente a gente não entende atrás do que, mas no decorrer dessa viagem alucinante que é a leitura de On the road vc entende que o que eles querem é viver, eles amam demais o próximo, eles acham tudo e todo mundo bom demais, incrível, fascinante, as pessoas menos "interessantes" pra uma sociedade, como um velho pobre, um andarilho, uma triste garçonete de um bar de beira de estrada, são os mais fascinantes para eles, aqueles com quem eles querem sentar e conversar e saber tudo de suas vidas.
Eu achei esse aspecto da obra o mais admirável e fiquei até um pouco espantada comigo mesma por tê-los julgado logo de cara, eles podem ser meio loucos sim, mas eles se importam muito com o próximo, querem entendê-lo, viver o que ele vive, se colocar no lugar dele, que o mundo seja de alegria, paz, companheirismo, muito jazz, altos papos....tudo isso regado a muita bebida, cigarro e sexo, claro, hehehe, mas de qualquer forma não deixa de ser algo a se admirar, pq mesmo e já naquela época (a história se passa na década de 40) a vida não era fácil e estavam cada ser humano mais preocupado em salvar a própria pele do que perder seu tempo se preocupando com o outro.
Mas com isso não quero dizer que eu entenda ou me identifique, foi muito interessante entrar nesse mundo, me colocar naqueles lugares como sempre faço quando leio, mas admito que em alguns momentos eu fiquei meio atordoada com tantas viagens, tantos nomes de cidades e tantas idas e vindas....realmente a cada dia que passa eu tenho a confirmação de que não sou nada, nada aventureira, rs
Ao final da leitura eu cheguei a conclusão que foi uma ótima forma de analisar a minha própria vida e pensar se não seria melhor pra mim ser um pouco mais desprendida das coisas, das pessoas, um pouco mais livre e levar a vida menos a sério, não tanto quando Sal e Dean, mas um pouco menos, :)
Acho que é uma obra muito interessante, vale muito a pena ler para conhecer um pouco mais daquele período, não só do estilo de vida desse grupo mas também da sociedade da época.
Agora vou ficar aqui aguardando a versão para o cinema que deve ser lançada em 2011 com direção do nosso brasileiríssimo Walter Salles.

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